domingo, fevereiro 20, 2005

Considerações sobre teatro

Isso aqui foi escrito sob a inspiração do Macário, produção anômala em torno das obras de Álvares de azevedo, nos fundos da UNIRIO, na qual ajudei no cenário, e que de certa forma me acendeu uma brasa, mandou escrever>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>






Entre o teatro e a verdade do teatro existe um fosso muito difícil de transpor. Eu tenho estado muito triste e apático vendo o fraquíssimo resultado da maioria das artes de transpor este fosso. Em verdade sou profundamente desacreditado com a arte de hoje. A linguagem obtusa, egocêntrica, idiota em amplo sentido( * ). Espero com Macário conseguir fazer um cenário com o coração...
Se a causa está no pecado original, nos 7 pecados capitais, ou na criação da palavra pecado, deixo aos obscuros discutirem. Venho em busca de solução: como recuperar o brilho dos olhos? Podemos versar sobre isso numa outra hora. <<<<<<<<>>>>>>>>>




O cenário é uma roupa que veste o ambiente. O ambiente é uma extensão da personagem . A personagem pode não ser o corpo do ator propriamente dito, mas energias invocadas na cena. O cenário materializa o corpo que se estende além do corpo, o gesto além do gesto, o vetor que rege a atmosfera do terreiro.
O cenário de Macário deve ser como a estrada da personagem-vetor: o trilho do supercondutor, o acelerador de partículas.>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
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Me dizes que o mal está na culpa judaico-cristã.
Eu te digo que isso é somente a coroa da Grande Besta. Seus tentáculos se entranham por todos os segmentos da Civilização Ocidental. Desgraçadamente constatamos raízes sólidas em todo método acadêmico, filosófico e litúrgico. A Escola de Música, por exemplo, ensina como se mata a música. A Escola de Teoria da Arte é a única que não mata a si própria. Qual será o motivo?

Assim, bebemos vinho falso, numa taça falsa. E se tem pouca notícia sobre nosso (desejo de)progresso nesse sentido. No sentido, direção à felicidade interior.
Tentamos tapar o sol com a peneira através de estimulantes e sedativos, sejam drogas, entretenimento, ou mesmo coisas nobres como plano de carreira e constituição de família. Ou mais nobres ainda: viver como missionário, fazendo o bem, salvando milhares, ou ainda, se refugiar na solidão de uma floresta ou mosteiro para meditar na Essência...

Eu só sei que ouço uma gargalhada subterrânea vinda de lugar nenhum, de todos lugares. Que piada que somos vitimas. Uma gigantesca pegadinha.... >>>>>>>>> <<<<<>>>>>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<<<>>>>>>>>>>
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A arte deste século promove uma competição, uma gincana que premia o mais pioneiro, inovador.
Meu pioneirismo é buscar uma ciência antiguíssima, esquecida em virtude da dor e da doença ocidental:

Meu método do ator: autocontrole com o que come : Dieta ovo-lacto-vegetariana ;
vida sexual regulada, equilibrada; (**) e acima de tudo, devoção completa à Fonte de todas as coisas, o Deus Vivo e escondido sob cada coração.

Essas coisas não são nada menos que os 10 mandamentos de Moisés,
ou o caminho óctuplo de Patânjali,
ou os oito passos de Buda, e são a via que produzirá no ator um magnetismo que não é conseguido de outra forma.
E seus olhos se tornarão duas chamas. Seus gestos pensados e controlados o tornarão o verdadeiro cocheiro da personagem, seja ela qual for.<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<< >>>>>>>>>>>>>

O teatro veio da religião, e à religião deve voltar.
Enquanto não retornar à religião, não passará de mero entretenimento, seja popular ou de elite.

E, antes que eu me esqueça, Teatro Pedagógico é uma verruga do século XX, já extirpada e cremada no incinerador do hospital. (No entanto , devemos estar sempre atentos com nossas facas para uma possível recidiva deste câncer.)<<<<<<<<>>>>>>>>>>



Esse povo costuma resumir teatro = corpo do ator. Isso é humilhante, ultrajante para a alma.
Meu espírito é uma ventania que ultrapassa todos os limites.
Não pode ficar nesta desgraça de se acreditar menos que um homem, mas um bicho, como a maioria dos diretores querem que nos comportemos.<<<<<<<<>>>>>>>>>>




A minha geração, que Não é esta – talvez surja em 2020, 2030, será a mais libertária de todas. Ela Não buscará ser livre através de sexo e drogas, mas evitando-os. Com uma vida saudável moral, física e espiritualmente, esta geração produzirá obras de arte mais virtuosamente que nenhuma outra. A leveza unida à firmeza, conhecida ha tanto pelo oriente, adentrará as brumas densas da selva do ocidente, e veremos na dança, na música e nas plásticas, há muito não vistas. Será o início do Retorno.
Chega de apatia. Vislumbra o clarão no horizonte. O novo sol interno começando a dar sinais. Dança o Espírito com a Natureza. Viva o Espírito. Viva a Natureza.

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