sábado, fevereiro 19, 2005

Paineiras

Ah quem me dera, quem me dera
Quem me dera uma porrada de coisa. Sem choramingar que não há leite derramado. A chuva é onipresente, quem tiver a boca maior que beba mais do néctar. O restante volta pra terra e depois pro céu, pra boca, pro céu da boca, da bexiga, do solo, esse é o caminho da água. Nada há sem ela. E quem chora a dança dela? Que chore! Não há gotas mais preciosas que a das lágrimas, me aponte uma! São Francisco louva a “irmã água, tão casta e preciosa...” enquanto eu pensava no perfumado liquido exalado da fêmea que entorpece o outro...
Ontem fui na nascente do Rio Carioca. Com o coração acelerado, como um fugitivo, esperei que ninguém me visse desviar da estrada do corcovado e me afundar mata adentro em busca do barulho da água, que sabia que era do Carioca. O Córrego de um metro de larugura, nascente com suas margens de pedra, correndo sem muito estardalhaço. As árvores muito altas abraçava a semiclareira aberta pelo rio. Eu não sei o que aconteceu. Hoje estou profundamente renovado. Diziam os tamoios que as águas do Carioca fortalecem a virilidade dos homens e a beleza das mulheres.

Mas eu confesso que nada sei nada sei. Pra variar a vida inteira esmagado, sempre esmagado pelos humanos, e os homens e as mulheres, sempre pisoteando e massacrando, oh tadinho de mim
– numfodi Guilherme

Ah se não fosse a água, se não fosse o poder das lágrimas, se não me sobrasse uma velha e poderosa bicicleta que me permite fugir para o alto da montanha, para repor o suor com a água mais doce, receber massagem gratuita da ducha, coisa de milionário...

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